Ferramentas de pedra pré-históricas de 500.000 anos contendo resíduos de animais

Costela de elefante contendo marcas de corte associada com ferramentas de sílex no sítio de Revadim. Crédito da imagem: American Friends of Tel Aviv University (AFTAU)
Costela de elefante contendo marcas de corte associada com ferramentas de sílex no sítio de Revadim. Crédito da imagem: American Friends of Tel Aviv University (AFTAU)

Cerca de 2,5 milhões de anos atrás, os primeiros humanos sobreviviam com uma insignificante dieta vegetariana. À medida que o cérebro humano se expandia, contudo, ele requeria uma alimentação mais substancial – a saber, gordura e carne – para sustentá-lo. Isso guiou os humanos pré-históricos, aos quais faltavam as garras e os dentes afiados dos carnívoros, a desenvolver as habilidades e as ferramentas necessárias para caçar animais e processar a gordura e a carne de grandes carcaças.

Entre os restos de elefantes de cerca de 500.000 anos de idade no sítio paleolítico em Revadim, Israel, o Prof. Ran Barkai e suas estudantes de pós-graduação, Natasha Solodenko e Andrea Zupanchich, do Departamento de Arqueologia e Culturas Antigas do Oriente Próximo da Universidade de Tel Aviv, recentemente analisaram “machados de mão” e “raspadores” repletos de resíduos de origem animal.

A pesquisa, recentemente publicada na revista eletrônica PLOS ONE, representa a primeira evidência direta e cientificamente verificada sobre o uso preciso de ferramentas de pedra paleolíticas: para processar carcaças de animais e peles. A pesquisa foi realizada em colaboração com as doutoras Stella Ninziante Cesaro e Cristina Lemorini, da Universidade de Roma, e o doutor Ofer Marder, da Universidade de Bem-Gurion, de Negev.

Montando o quebra-cabeça

“Existem três partes para esse quebra-cabeça: a expansão do cérebro humano, a mudança para o consumo de carne e a habilidade de desenvolver a tecnologia sofisticada para satisfazer as novas necessidades biológicas. A invenção da tecnologia de lascamento foi um grande avanço na evolução humana”, disse o Prof. Barkai. “O fraturamento das rochas com o objetivo de cortar e processar carne de animais representa um divisor de águas biológico e cultural”.

“Na pedreira de Revadim, um sítio de meio milhão de anos maravilhosamente preservado, nós descobrimos restos de animais processados, incluindo uma costela de elefante que foi cuidadosamente cortada por uma ferramenta lítica, ao seu lado machados de mão de sílex e raspadores ainda retinham gordura animal. Isso se tornou claro depois que análises posteriores mostraram que o processamento de carcaças, de fato, foi realizado neste sítio.”

Por meio da análise das marcas de uso – examinando as superfícies e as bordas das ferramentas para determinar sua função – e pela análise de resíduos através do método FTIR (Fourier Transform InfraRed), o qual aproveita o infravermelho para identificar assinaturas de compostos orgânicos pré-históricos, os pesquisadores foram capazes de demonstrar, pela primeira vez, uma prova direta de exploração de recursos animais por ferramentas de sílex.

“Os arqueólogos só foram capazes, até agora, de sugerir cenários sobre o uso e a função de tais ferramentas. Nós não temos uma máquina do tempo”, disse o Prof. Barkai. “É coerente pensar que essas ferramentas poderiam ter sido utilizadas para desmembrar carcaças, porém, até que as evidências fossem descobertas para prová-lo, a ideia permanecia somente uma teoria”.

Um canivete suíço pré-histórico

Enquanto as questões sobre suas funções e sua produção permanecem sem respostas até agora, há pouca dúvida sobre os machados de mão e raspadores encontrados em vários sítios pré-históricos em todo o mundo, enquanto ferramentas distintas, usadas para propósitos específicos. Ao replicar as ferramentas de sílex por meio de modernos experimentos de processamento de carne, e, então, comparando as réplicas com suas contrapartes pré-históricas, os pesquisadores determinaram que os machados de mão eram os robustos “canivetes suíços” dos homens pré-históricos, capazes de cortar e desmembrar ossos, tendões resistentes e pele. O raspador, mais delicado e menos robusto era utilizado para separar a pele e a gordura animal dos tecidos musculares.

“As pessoas pré-históricas faziam uso de todas as partes de um animal”, disse o Prof. Barkai. “No caso de um enorme elefante, por exemplo, elas teriam necessidade de utilizar ambas as ferramentas para conduzir uma tarefa tão desafiadora. O conhecimento de como produzir essas ferramentas era precioso e deve ter sido passado de geração em geração, uma vez que estas ferramentas eram reproduzidas da mesma forma através de grandes extensões territoriais e durante centenas de milhares de anos.

“Nesse quebra-cabeça de milhares de peças chamado arqueologia, as vezes nós encontramos peças que conectam outra peças. Isto é o que nós encontramos com as ferramentas de pedra e os ossos de animais.”

Fonte: Phys.Org

8 comentários

  1. na fazenda do meu avo ,tem uma pedra acredito que uma ponta de lança .Meu av encontrou a mais de 100 anos .E tbem ossos que ja viraram pedras ossos muito grandes como se fosse da coluna.

  2. Bom dia! Meu filho vai fazer um trabalho na escola sobre ferramentas da antiguidade do periodo pré história. Gostaria de saber se existe um lugar que aluga alguns utensilios para expor no colégio.

    • Oi, Carlos. Não conheço nenhum lugar que alugue materiais assim. Mas você pode comprar réplicas para exposição: arqueoreplicas.com

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