Arqueologia Pública

Por Ana Tauhyl

A Arqueologia Pública é uma subárea da Arqueologia que se dedica a pensar a sua relação com o público. Mas o que seria exatamente esse público? E por que é importante que essa área exista?

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Arqueóloga Ana Paula Tauhyl conversando com alunos de Ensino Médio da Escola Emygdio de Barros sobre a Arqueologia das cidades gregas antigas, no MAE/USP, em 2012. Foto: Tatiana Bina.

Por um bom tempo a Arqueologia foi vista por muitas pessoas como ocupação de uma elite interessada em relíquias e civilizações antigas. Um exemplo disso é a imagem que o cinema passa da Arqueologia para o público em geral: o arqueólogo aventureiro distante da realidade nossa de cada dia. Ou então a Arqueologia era entendida como terreno de amadores que traziam teorias sem embasamento científico algum, como a participação de extraterrestes na construção de monumentos do passado.

Alguns arqueólogos e arqueólogas já vinham se preocupando com esse distanciamento do público e faziam projetos para alcançar as pessoas, mas só a partir dos anos 70 que esse movimento ganhou o nome de Arqueologia Pública. Dos anos 90 pra cá, o campo de atuação tem se fortalecido e hoje é bastante vasto, incluindo a preocupação com a preservação de sítios arqueológicos (já que são patrimônios públicos), a divulgação do conhecimento produzido por arqueólogos e arqueólogas (e de como é feita a produção desse conhecimento) e a participação das comunidades locais e de diferentes grupos sociais nas próprias pesquisas, desde a concepção inicial até a escavação. Assim, a Arqueologia incorpora novas vozes na definição dos objetos a serem pesquisados e também na interpretação dos achados.

Portanto, quando falamos em público, a quem nos referimos? A Arqueologia estuda as sociedades por meio das coisas que elas produziram e das quais se utilizaram e isso diz respeito a todos e todas. Conhecer sociedades de outros tempos, além de nos mostrar realidades diversas, pode nos fazer pensar como nós lidamos com o mundo material que nos rodeia. Olhar o outro para entender a nós mesmos. Esse é o convite da Arqueologia Pública.

Para saber mais:

CARNEIRO, C. G. Ações educacionais no contexto da arqueologia preventiva: uma proposta para a Amazônia. 2009. 306 p. e anexos. Tese (doutorado) – Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

FERNANDES, T. C. Vamos criar um sentimento?! Um olhar sobre a arqueologia pública no Brasil. Dissertação (mestrado) – Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

FUNARI, P. P. A.; OLIVEIRA, N. V.; TAMANINI, E. Arqueologia Pública no Brasil e as novas fronteiras. Praxis Archaeologica 3, p.131-138, 2008.

HIRATA, E. F. V.; ELAZARI, J. M.; MORITZ, J.; COSTA, A.; CORDEIRO, S. L. Explorando a Arqueologia: um projeto educativo no Engenho São Jorge dos Erasmos. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 17, p. 419-133, 2007.

Laboratório de Arqueologia Pública. Disponível em:
http://www.nepam.unicamp.br/lap/revista-de-arqueologia-publica/

MERRIMAN, N (Ed.). Public Archaeology. London; Routledge, 2004. 306 p.

TAUHYL, A. P. M. Alfabetização do olhar: aprender pelos objetos e suas representações. 2013. Dissertação (Mestrado em Arqueologia), Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

TAUHYL, A. P. M. Arqueologia e o ensino de História Antiga: novos olhares, novas possibilidades. In: XXI Encontro Estadual de História – ANPUH – SP, 2012, Campinas. Anais do XXI Encontro Estadual de História – ANPUH – SP, 2012. Disponível em: http://www.encontro2012.sp.anpuh.org/resources/anais/17/1342400699_ARQUIVO_Anpuh_ana_tauhyl.pdf