Paleontologia da Conservação

Por: Paula Heloísa S. Resende

Paleontologia ou Paleobiologia da conservação, é uma ciência interdisciplinar que se ocupa em interpretar dados tafonômicos, geoquímicos e paleoecológicos e assim correlacionar com mudanças ambientais (e.g.extinções) e evitar que ocorram novamente. 

A Paleontologia da conservação utiliza de ferramentas para estudar seres extintos, a fim de entender a dieta, interação ecológica, e assim evitar que ecossistemas e até mesmo espécies sejam extintas novamente. 

Fonte: Rodolfo nogueira

Uma dessas ferramentas é a Geoquímica, que aplica análises químicas, como a análise de isótopos estáveis, na confecção de teias alimentares, e na inferência de paleodietas. A tafonomia ajuda a entender como ocorreu a fossilização e em qual condição (e.g. águas calmas ou não) de um organismo do momento que morreu até virar um fóssil. Esses são alguns dos recursos utilizados a serem aplicados na paleobiologia da conservação, mas têm-se também outros, tais como a Esclerocronologia, o estudo das variações e até mesmo contagem de  características repetidas em estruturas calcificadas, como por exemplo, otólitos, escamas, raios e dentes, essa técnica nos permite inferir a idade dos peixes, por exemplo. 

Fonte: Simões et al., 2010, modificado de Cadée (1991).Imagem ilustra diferentes etapas na decomposição de Cottus scorpuis (peixe-escorpião), nesse caso a fossilização ocorreu em um ambiente com águas calmas, anóxicas, e na ausência de necrófagos, ou seja, um ambiente perfeito para fossilização. Segundo o artigo, os estágios A a D levam cerca de 4 dias e após 3 meses (E) todos os tecidos moles são consumidos.

Em 2020, foi criada a rede internacional “The Conservation Paleobiology Research Coordination Network” (https://conservationpaleorcn.org/) que tem como objetivo englobar as atitudes que a sociedade e as autoridades locais fazem para auxiliar na conservação, com uma abordagem  paleontológica. Um dos pesquisadores responsáveis é um brasileiro, Prof. Matias Ritter (CECLIMAR, UFRGS), encarregado das ações dessa rede na América do Sul.

Para saber mais sobre o assunto:

BEHRENSMEYER, A.K., DAMUTH, J.D., DIMICHELE, W.A., POTTS, R., SUES, H.-D., WING, S.L., 1992. Terrestrial Ecosystems through Time: Evolutionary Paleoecology of Terrestrial Plants and Animals. The University of Chicago Press, 568 p.

CECLIMAR. Você já ouviu falar sobre Paleobiologia da conservação? Você sabia que a paleontologia pode contribuir à conservação?. 1 de abril de 2020. Disponível em <https://www.ufrgs.br/ceclimar/voce-ja-ouviu-falar-sobre-paleobiologia-da-conservacao-voce-sabia-que-que-a-paleontologia-pode-contribuir-a-conservacao/>. Acesso em: 21/04/2021.

CORECCO DE QUEIROZ, LEONARDO & SCHULTZ, C. 2018. Geoquímica aplicada a paleontologia. 

HOLZ, M., SIMÕES, M.G., 2002. Elementos Fundamentais de Tafonomia. Editora da UFRGS, 231 p. 

PATZKOWSKY, M.E., HOLLAND, S.M., 2013. Stratigraphic Paleobiology: Understanding the distribution of the fossil taxa in Time and Space. The University of Chicago Press, 259 p. SALGADO-LABOUREAU, M.L., 1994. História Ecológica da Terra. Editora Edgard Blücher, 307 p.

SIMÕES, M.,RODRIGUES, S.,BERTONI-MACHADO, C.,HOLZ, M. 2010. Tafonomia: processos e ambientes de fossilização