DNA sugere que os primeiros povos da América chegaram em uma única onda de migração

Por George Dvorsky

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Uma análise genética de humanos antigos e modernos sugere que os ancestrais dos nativos americanos tenham entrado no Continente Norte Americano pela Sibéria, em torno de 23.000 anos atrás — em uma única onda migratória.

De acordo com o novo estudo, que agora aparece na Science, os primeiros americanos vieram para a América do Norte através da Beríngia no auge da última Era do Gelo, e eles se hospedaram no norte por provavelmente milhares de anos antes de divergirem em duas populações distintas há cerca de 13.000 anos atrás. Um grupo se dispersou por todo o norte e América do Sul, enquanto o outro permaneceu na América do Norte.

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Fonte: Raghavan et al., Science (2015).

Uma equipe internacional de pesquisadores chegou a essas conclusões pelo sequenciamento e comparação dos genomas de 31 nativos americanos contemporâneos, siberianos, da Oceania, e os genomas de 23 indivíduos antigos da América do Sul e do Norte, que viveram entre 6.000 a 200 anos atrás.

O estudo desafia a suposição de que uma onda de migração anterior de pessoas da Ásia Oriental tenha chegado na América do Norte antes do último máximo glacial, e que o continente tenha sido povoado por múltiplas ondas independentes de colonos humanos. A análise do DNA sugere que os humanos tenham entrado na América do Norte há cerca de 23.000 anos atrás, e não 30 mil anos atrás, como alguns arqueólogos e antropólogos têm especulado. Além do mais, o estudo dissipa a noção de que os polinésios ou europeus tenham contribuído para o patrimônio genético dos nativos americanos.

A “hipótese de uma única onda migratória” também parece implicar que diferenças genéticas nas atuais populações nativas americanas tenham surgido após a migração, não sendo o produto da entrada de ondas de populações asiáticas.

“A diversificação dos modernos nativos americanos parece ter começado há cerca de 13.000 anos atrás, quando a primeira cultura nativa americana aparece no registro arqueológico: a cultura Clovis”, observou o professor de UC Berkeley e co-autor do estudo Rasmus Nielsen em um comunicado. “Nós podemos datar essa divisão tão precisamente em parte porque nós anteriormente analisamos os restos de um menino de 12.600 anos atrás, associado à cultura Clovis.”

Ligações com os Indígenas Australianos

Fascinantemente, a análise genética revelou que ambas as populações de nativos americanos têm uma mistura de genes de asiáticos do leste e australianos melanésios, incluindo papuas, insulares de Solomon, e caçadores-coletores do Sudeste Asiático.

“É uma descoberta surpreendente e implica que as populações do Novo Mundo não foram completamente isolado do Velho Mundo após a sua migração inicial”, observou o autor do estudo Eske Willerslev, do Centro de GeoGenetics no Museu de História Natural da Universidade de Copenhagen. “Nós não podemos dizer exatamente como e quando este fluxo de genes aconteceu, mas uma possibilidade é que ela veio através dos insulares Aleutas vivendo na costa do Alasca.”

Mas nem todos concordam com esta interpretação. Em um estudo separado, também divulgado recentemente, o professor David Reich da Harvard Medical School, afirma que houve vários pulsos de migração para dentro das Américas.

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Fonte: Pontus Skoglund, Harvard Medical School.

A BBC explica:

De acordo com o Prof Reich, a descoberta da ancestralidade da Oceania entre certos grupos nativos americanos indica que as Américas foram povoadas por um conjunto mais diverso de populações do que anteriormente se aceitava.
“O modelo mais simples possível não previu uma afinidade entre amazônicos hoje e australasianos”, disse ele.
“Isto sugere que há uma população ancestral que atravessou para as Américas, que é diferente da população que deu origem à grande maioria dos americanos. E isso foi uma grande surpresa “, disse ele.
O Prof Reich acredita que a explicação mais plausível é que houve uma migração separada da Australásia, possivelmente, há cerca de 15.000 anos atrás. Este grupo, ele especula, foi provavelmente mais amplamente disperso por toda a América do Norte, mas acabou sendo empurrado para fora por outros grupos de nativos americanos.

O estudo Willerslev, por outro lado, indica que os vestígios de DNA da Australásia sejam o resultado de uma migração posterior, de cerca de 8.000 anos atrás, ao longo da costa do Pacífico.

Leia o estudo completo na Science: “Genomic evidence for the Pleistocene and recent population history of Native Americans”. E confira esse novo estudo de Reich na Nature: “Genetic Evidence for Two Founding Populations of the Americas.”

Traduzido por Daniela Dias Ortega, fonte: io9.com

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