Por: Gabriel Peixoto
Sir Arthur Evans (1851-1941) foi um arqueólogo britânico, um pioneiro nos estudos da Idade do Bronze do Mediterrâneo e foi filho do reconhecido – e rico –, antiquário Sir John Evans. O filho foi responsável por desenterrar, desde 1899 até a década de 30, o famoso palácio-real de Cnossos, utilizando-se da riqueza própria para financiar a equipe de escavação, a reconstituição e a, literal, reconstrução do edifício e das artes murais nele contidas. Evans batizou a sua recém-descoberta civilização cretense de ‘Minoicos’, quando associou o emaranhado de quartos, salas e compartimentos do palácio com o lendário labirinto do Rei Minos.

Evans é historicamente muito criticado, e com razão, pela sua reconstrução em massa dos frescos Minóicos, pelo levantamento de paredes e pisos no palácio (as colunas vermelhas são hoje “marca registrada” de Cnossos) e, enfim, pela denominação lendária de salas e compartimentos sem evidências (como o “Megáron da Rainha” – “sala do trono). Todas essas práticas são condenadas na atual ciência arqueológica.. Devido a isso, ganhou a alcunha de “O Inventor dos Minoicos” e “O Construtor de Ruínas” e até hoje não é considerado pelos estudiosos como um arqueólogo “sério” ou credível.

Evans tinha como favorito dois famosos frescos, os chamados “Afresco do Príncipe dos Lírios” e o “Afresco do Macaco Azul”. Inicialmente, ele e sua equipe retocaram, pintaram e restauraram porções de frescos que haviam encontrado no palácio. Contudo, sabemos hoje os enormes erros que fizeram, por exemplo ao invés de representar um macaco azul (comum representação em frescos gregos) Evans e sua equipe representaram um menino azul. Em outro exemplo, Evans juntou três pedaços de frescos distintos e montou uma forma nova.


Arthur Evans junto com Heinrich Schliemann (escavador de Troia e Micenas), apesar dos pesares, foram extremamente importantes para a Arqueologia Clássica, pois influenciaram muitas gerações de profissionais da Arqueologia e colocaram em evidência as graves consequências de pesquisas e investigações cientificas não-rigorosas, ou até, mercantis.
Para saber mais:
BEARD, Mary. Builder of Ruins. In: Confronting the Classics: a provocative tour of what is happening now in Classics – learned, trenchant and witty. Reino Unido: Profile Books Ltd., 2014. p. 17 – 25
PAPADOPOULOS, John. Inventing the Minoans: Archaeology, Modernity and the Quest for European Identity. In: Journal of Mediterranean Archaeology 18(1). 2005. p. 87 – 149