Por JuCa
L-R:MATT CROW/CLEVELAND MUSEUM OF NATURAL HISTORY, JOHN GURCHE)
Foi encontrado, pela primeira vez, um crânio fossilizado quase intacto de Australopithecus anamensis, espécie que provavelmente deu origem aos Australopithecus afarensis, a espécie de Lucy, que por consequência teriam dado origem aos primeiros Homo.
O crânio havia sido encontrado em 2016, no sítio arqueológico Woranso-Mille, na Etiópia. Mas as descobertas só foram anunciadas pelo Dr. Yohaness Haile-Selassie e seus colegas no dia 28 de agosto de 2019, em dois artigos publicados no periódico científico internacional Nature, onde apresentam todas as datações datações e resultados de análises do fóssil. Este fóssil permite, finalmente, entendermos a morfologia craniana dessa espécie.
“O que a pesquisa mostra é que parece ter havido uma coexistência entre A. afarensis e A. anamensis, o que até então não era postulado. Ou seja, a ideia de que a evolução da nossa linhagem se dá na forma de arbusto, com diversas especies coexistindo, ganha mais um bom exemplo”, comentou a Dra. Mercedes Okumura, pesquisadora coordenadora do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP. Até então, as datas mais recentes para os A. anamensis eram de cerca de 3.9 milhões de anos, idade em que os primeiros A. afarensis surgiram. Mas agora, com as novas descobertas, sabemos que mesmo após um grupos de A. anamensis terem se ramificado e dado origem à espécie de Lucy, ambas as espécies ainda conviveram por, pelo menos 100 mil anos.
“Tais pesquisas são importantes tanto do ponto de vista geral, ou seja, entender processos evolutivos que ocorreram no passado, como é o caso da especiação dos Australopithecus, quanto do ponto de vista mais específico, ou seja, aumentar nosso conhecimento acerca da diversidade de hominínios pretéritos, incluindo as discussões acerca de qual espécie de Australopithecus teria dado origem aos primeiros representantes do gênero Homo“, disse Okumura, em entrevista para o nosso site.
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