Mesmo após a colonização, as tradições das ceramistas Tupi persistem por mais de 500 anos em São Paulo, indica novo estudo

Por: JuCa

Atualmente existem fortes evidências da presença de seres humanos no Estado de São Paulo desde 12,5 mil anos atrás. Aqueles grupos são chamados pelos arqueólogos brasileiros de “caçadores-coletores” ou ainda, “paleoíndios”. Eram grupos que tradicionalmente produziam complexas ferramentas de pedra lascada, como pontas de flecha. No entanto, “As primeiras populações ameríndias, que produziam artefatos cerâmicos e praticavam a policultura agroflorestal, plantando e manejando sistematicamente diversas espécies vegetais em clareiras abertas dentro da mata, chegaram por aqui há apenas 2 mil anos atrás“, afirmam a arqueóloga Marianne Sallum (pesquisadora do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP) e o também arqueólogo Francisco Noelli (doutorando na Universidade de Lisboa). De acordo com eles, houve uma persistência cultural nas práticas cerâmicas das mulheres Tupi até mesmo após a chegada dos colonizadores europeus. Essa é uma das conclusões destes pesquisadores em seu mais recente artigo publicado no periódico científico internacional International Journal of Historical Archaeology.

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Dra. Marianne Sallum confecionando uma réplica de cerâmica Tupi no Atelier Mayy Koffler (foto: Camila de Moraes Wichers).

 “Provavelmente, a entrada dos grupos agricultores no atual território paulista devia-se ao crescimento demográfico da população, que se dividia gradativamente e criava novas aldeias. Eram os falantes de línguas Jê Meridionais (ou Jê do Sul), ancestrais dos Kaingang, Kayapó e outros grupos, dos quais apenas os Kaingang vivem em SP mantendo sua autodeterminação, sua língua e suas pautas culturais”, diz a dupla de arqueólogos.

Mas não foram apenas os grupos Jê que chegaram em São Paulo há cerca de 2 mil anos. De acordo com Sallum & Noelli, depois deles vieram três povos vinculados ao Tronco Linguístico Tupi, da Família Tupi-Guarani:

  • Povos falantes da língua Tupinambá
  • Povos falantes da língua Tupiniquim
  • Povos falantes da língua Guarani

Os Tupinambá parecem ter dominado a bacia do Rio Grande e a área próxima da divisa com Minas Gerais e o litoral norte paulista. Os Tupiniquim ocuparam a bacia do Tietê, a porção central do estado e o litoral sul de São Paulo. Os Guarani ocuparam a bacia do rio Paranapanema, até a altura do rio Tibagi.”, dizem Sallum & Noelli. De acordo com eles, as antigas fronteiras entre os três povos ainda precisam ser melhor pesquisadas, para haver maior detalhe nos limites entre os seus territórios (embora seja possível que as suas fronteiras tenham se modificado ao longo do tempo). “Os Tupiniquim de São Paulo, por exemplo, não têm relação direta com os Tupiniquim do Espírito Santo, que atualmente realizam uma legítima e fundamental luta pela sua audeterminação e por suas terras”.

De acordo com o Dr. Glauco Constantino Perez (Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP), arqueólogo especializado na cerâmica pré-colonial do Estado de São Paulo, mas que não participou da pesquisa, o conceito de fronteiras para sociedades ameríndias é distinto daquele que envolve meras linhas políticas divisórias de territórios. “A linha de Fronteira passa a ser uma abstração que tem existência real fora de um mapa geográfico. Assim, pode-se perceber que a Fronteira tem pressupostos sociais e não só geográficos”, afirma Perez.

A relação entre os grupos Tupi e os primeiros colonizadores

De acordo com Sallum & Noelli, a história das relações entre os grupos Tupi e os primeiros colonizadores foi complexa: “De um lado houve os efeitos trágicos para os povos indígenas de maneira geral, com o colapso demográfico causado principalmente por epidemias que reduziu o tamanho da população em muitas partes do território brasileiro. De outro lado, evidências arqueológicas e fontes históricas mostram histórias particulares de apropriações, resistências, articulações de práticas e persistências”.

Os arqueólogos ainda explicam que os dados etnográficos, históricos e arqueológicos no Estado de SP revelam uma história diferente daquela contada pela narrativa tradicional sobre o desaparecimento das comunidades indígenas: “Uma parte dos Tupiniquim, formou uma aliança com os portugueses desde a sua chegada no litoral de São Vicente\Cananéia a partir 1502. Os Tupiniquim que não se envolveram diretamente, tiveram relações indiretas e eventuais dentro da rede de relações entre as aldeias da bacia do rio Tietê e do litoral sul de SP. Essa aliança foi duradoura, formada por uma complexa relação entre diversos fatores: interesses mútuos e estratégicos, relações sociais e econômicas”.

Mas por outro lado, os portugueses também não formavam um grupo homogêneo. De acordo os pesquisadores, os dados demográficos existentes indicam que, até pelo menos a segunda metade do século 17, a média foi próxima de mil europeus por ano, estabelecidos entre um contingente indígena muito maior: “Eles eram divididos pela desigualdade socioeconômica em Portugal, com a maioria vivendo entre os Tupiniquim, conforme as práticas indígenas, onde valiam pelos seus atos, habilidades e palavra empenhada. A minoria, representada principalmente por nobres, burocratas e religiosos, foi isolada, tolerada e não conseguiu impor-se sobre os Tupiniquim conforme os padrões de estabelecimento e dominação portuguesa”.

De acordo com Sallum & Noelli, os Tupiniquim não foram subjugados, mantendo a sua autonomia, incorporando plantas, animais, materialidades e, eventualmente, a língua dos portugueses; assim como os portugueses também fizeram o mesmo, levando para a Europa inúmeras novidades, entre elas uma série de plantas para alimentação, medicina e matérias-primas que modificaram a vida no velho continente, inclusive palavras de origem Tupi, algumas incluídas no famoso dicionário de Rafael Bluteau, como mostraram Jorge Lopes e Ana Suelly Cabral, pesquisadores da Universidade de Brasília.

Mas como essa complexa relação influenciou a indústria cerâmica dos grupos Tupi?

Antes precisamos entender alguns fundamentos intelectuais da cerâmica Tupiniquim”, respondem Sallum & Noelli. De acordo com eles, a produção da cerâmica Tupiniquim, antes dos colonizadores, foi um domínio das mulheres por quase 15 séculos. “É, portanto, uma relação intencional de transmissão e articulação de conhecimentos entre as gerações, naquilo que se chama de Arqueologia da Persistência”. Para os pesquisadores, a persistência acomoda mudanças, resistências, apropriações e continuidades como forma de engajamento social, independente de estarem articulados ou em oposição às politicas colonialistas. “Nos parece que as causas estão possivelmente mais ancoradas na cosmologia Tupi que na própria tecnologia e nas funções usuais das vasilhas”.

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Minas de Araçoiaba, Sítio Arqueológico Afonso Sardinha, final do século XVI-séc. XVIII (vasilhas de contexto datado para o século XVI) – 1. Imagem da tese de Anicleide Zequini, 2006 (MAE-USP). Acervo: FLONA: Floresta Nacional de Ipanema.

Em outro artigo, publicado no periódico científico Mana: Estudos de Antropologia Social, Noelli & Sallum se perguntam sobre a razão de não se perceber modificações pré-coloniais no registro arqueológico cerâmico de centenas de sítios Tupiniquim. “As alianças ocorreriam entre os indígenas antes dos europeus chegarem, talvez semelhantes à estabelecida com os portugueses, cujo desenvolvimento produziria transformações culturais”. Mas, de acordo com a dupla de arqueólogos, o desgaste das relações destrataria acordos e levaria à conflitos que, com o tempo, se transformariam em uma espiral de “vendetas cíclicas” reproduzidas a cada nova geração, tal como sugerem os antropólogos Carneiro da Cunha e Viveiros de Castro, em seu clássico artigo sobre a vingança Tupinambá, publicado em 1985 no periódico Anuário Antropológico. “E a vingança poderia ser a causa para não modificar a materialidade, pois o destrato ancestral de uma aliança, continuamente recordado, talvez reafirmasse o desinteresse em se apropriar ou transformar objetos dos outros indígenas”, dizem Noelli & Sallum.

De acordo com Carneiro da Cunha e Viveiros de Castro, a vingança seria uma “técnica de memória” singular, um “processo de circulação perpétua da memória entre os grupos inimigos, ela se define, em vários sentidos, como memória dos inimigos”. Sallum & Noelli complementam: “A circulação perpétua da memória poderia estar entre as causas prováveis da não-modificação da cerâmica pré-colonial. Assim como a memória resultava na espiral de vinganças, também poderia causar a evitação de símbolos emblemáticos do inimigo, especialmente de objetos centrais na vida cotidiana e na cosmologia, como são as vasilhas cerâmicas”.

Para os arqueólogos, a relação de aliança entre os tupiniquim e os portugueses trouxe novidades: “Para os povos Tupí uma parte da sua identidade está no “outro” escolhido para incorporar. É na afinidade que se encontra a dimensão cosmológica e política, onde o “outro” é primeiro e, acima de tudo, um afim. Poderiam ser amigos, aliados, hóspedes, parceiros comerciais, estrangeiros e inimigos e, também animais e espíritos, todos envolvidos nos valores da afinidade”. Para Viveiros de Castro, o parentesco seria construído numa base relacional, manifestando-se como um processo constantemente atualizado.

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Minas de Araçoiaba, Sítio Arqueológico Afonso Sardinha, final do século XVI-séc. XVIII (vasilhas de contexto datado para o século XVI). Imagem da tese de Anicleide Zequini, 2006 (MAE-USP). Acervo: FLONA: Floresta Nacional de Ipanema.

De acordo com os dados publicados no novo artigo, os Tupiniquim teriam incorporado e transformado a cerâmica comum portuguesa. Para os arqueólogos, isso não significa perda, mas persistência cultural. Os Tupiniquim criaram a cerâmica conhecida hoje como “cerâmica paulista”, ou como definem Sallum & Noelli: “cerâmica comum portuguesa apropriada e transformada no século XVI pelas Tupiniquim da área de São Vicente, para uso nos assentamentos coloniais, reproduzida até o presente na região sudeste de São Paulo”. Para os arqueólogos, esta teria sido a primeira cerâmica colonial de São Paulo, produzida em território, contexto histórico e social específicos na perspectiva Tupiniquim, fora da lógica econômica europeia, para uso doméstico ou trocas no circuito familiar. “Depois ela continuou sendo produzida por suas descendentes nascidas das relações com os portugueses e pelas mulheres que vieram de fora”, dizem eles.

Mas existem claras diferenças na cerâmica tupi (pré-colonial) e na cerâmica paulista, uma vez que a segunda tem muito mais semelhanças com a cerâmica portuguesa: “O mais importante é compreender que a ceramista Tupiniquim dominava a capacidade de combinar um vasto repertório de segmentos de perfil com inúmeros tratamentos de superfície. A variabilidade resultava da criatividade individual, semelhante à das Guaraní”, afirmam os arqueólogos. No livro “Cerâmica Guarani”, publicado em 1989, os pesquisadores Fernando La Salvia & José Brochado concluíram que “[os Guarani] concebiam as vasilhas como um empilhamento de zonas ou segmentos horizontais bem demarcados” e que seriam definidas como “unidades padrão, de formas definidas que sobrepostas, dão o contorno da vasilha”.

Para Noelli & Sallum, a variabilidade se explica por fatores intrínsecos dos Tupiniquim e não por causa externas: “Assim entendemos que a padronização era a própria variabilidade, a tal ponto que a diferença era a norma que tornaram as morfologias Tupiniquim tão semelhantes por tanto tempo”.

Ainda de acordo com os arqueólogos, as mulheres Tupiniquim coloniais optaram por manter as técnicas tradicionais do acordelado para levantar as vasilhas, não incorporando a roda de oleiro usada em Portugal. Esta escolha técnica acabou por influenciar:

  • A composição da pasta cerâmica, o barro misturado com grãos de minerais, como o quartzo, e cacos cerâmicos moídos, sendo a indígenas com grãos maiores que a portuguesa;
  • A modificação do perfil da parte superior das vasilhas, especialmente na borda, onde a produção da roda permite uma variabilidade maior que no acordelado.
  • Diversificou um pouco a forma da base, enquanto as portuguesas sempre são planas, a paulista possui formas globulares e planas.
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Vasilhas com alça: (a) Tupí colonial, Torres, Rio Grande do Sul (foto Ângelo Corrêa, cortesia do Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; (b) Cerâmica paulista, Jairê, Iguape (foto Francisco Noelli, coleção privada de Marianne Sallum); (c) cerâmica paulista, Itapeva, São Paulo (foto Francisco Noelli, proveniente do sítio HCR por Sílvio Araújo, cortesia do Museu Histórico de Itapeva); (d) Tupinambá colonial, Araruama, Rio de Janeiro (foto Ângela Buarque, cortesia do Museu Nacional); (e) Santa Olaia, Portugal (Relatório: Cerâmicas medievais de Santa Olaia de Maria Nazaré de 2013).

No entanto, a queima da cerâmica Tupiniquim pré-colonial era a céu aberto, com uma ou poucas vasilhas queimadas com cascas de certas espécies de árvores e lenha fina, enquanto a cerâmica paulista era queimada em fornos como as portuguesas. Seria no tratamento de superfície que os arqueólogos encontraram as maiores diferenças: “as paulistas usam tratamentos de superfície pré-coloniais indígenas como o corrugado, ungulado, estocado, digitungulado e escovado. Mas incorporam técnicas portuguesas, como o brunido, as caneluras, as linhas incisas onduladas, diagonais e paralelas, e o engobo vermelho e creme”.

De acordo com Sallum & Noelli, destaca-se em uma parte do sudeste de SP o tingimento das vasilhas com um corante preto, feito com a casca do jacatirão (Miconia candolleana), técnica inexistente entre as mulheres Tupiniquim, que deixa um colorido semelhante ao da cerâmica comum preta da metade norte de Portugal. “Algumas classes funcionais da cerâmica paulista receberam asas, alças, bicos e bordas onduladas (ou boleadas), inexistentes no período pré-colonial”, afirmam.

Mas como os arqueólogos conseguem ter tanta certeza que eram apenas as mulheres que produziam cerâmica nos grupos Tupi?

A descolonização da arqueologia é, sem dúvida, um dos caminhos para construir uma nova narrativa sobre os gêneros, mais inclusiva e não eurocentrada para reconhecer quem eram as mulheres ceramistas”, dizem Sallum & Noelli, reiterando que “a revisão crítica aos documentos escritos por homens representantes dos interesses coloniais precisa ser desenvolvida”.

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Ceramista Ana Pereira de Jairê (Iguape, SP). Foto de Plácido de Campos Júnior, 1974. Acervo Museu da Imagem e do Som de São Paulo.

De acordo com a dupla de arqueólogos, as fontes quinhentistas e seiscentistas sugerem relações para além dos padrões heterossexuais e da categorização estanque entre atividades de homens e mulheres, revelando fluidez e política de colaboração entre gêneros nos Tupiniquim. As mulheres teriam sido a principal conexão cotidiana com os europeus, dividindo com os homens a gestão dos assentamentos e diversos aspectos da transmissão de conhecimentos, sendo as responsáveis pelo manejo dos estoques alimentares vegetais, a base da sua dieta, para cumprir o calendário anual da segurança alimentar. “[As mulheres] eram responsáveis pela produção de materialidades diversas e por outras atividades práticas e simbólicas, mediando relações nos núcleos familiares e com os europeus, papel fundamental ignorado na narrativa tradicional”. Para Sallum & Noelli, teriam sido “ações afirmativas que fundamentaram a autodeterminação das comunidades rurais por muito tempo, mas que ainda são pouco conhecidas por causa dos interesses acadêmicos que se concentraram basicamente nas pessoas sobre as quais existem fontes escritas abundamentes ou suficientes”.

A importância dos estudos arqueológico de artefatos cerâmicos:

Para Sallum & Noelli, “é importante reconhecer que a cerâmica paulista é produzida há quinhentos anos”. Mas quais seriam os efeitos disso na sociedade, incluindo as comunidades produtoras dessa cerâmica? “A nossa descoberta pode ter desdobramentos que ainda não imaginamos, mas esperamos estar contribuindo para reforçar e valorizar o papel das mulheres na história colonial e pós-colonial como legítima manifestação de gênero no longo processo histórico”, respondem os arqueólogos, declarando que “esperam que as comunidades de ceramistas sejam melhor consideradas entre arqueólogos, antropólogos e historiadores, especialmente as do presente”.

Pesquisadores no campo das artes também têm produzido conhecimentos fundamentais como o livro “Cerâmica Popular do Estado de São Paulo”, publicado em 1976 por Herta Scheuer, até a recente dissertação de mestrado de Amanda Magrini, defendida em 2019 na UNESP, muito elogiada por Sallum & Noelli.

De acordo com o também arqueólogo Glauco Perez, “os autores são muito felizes quando afirmam que é crucial construir novas narrativas enfatizando a persistência dos povos indígenas sem ignorar ou minimizar suas dificuldades e perdas causadas pelo colonialismo”.

No artigo, Sallum & Noelli afirmam que todo ato de persistência é uma resposta à uma transformação de um símbolo anterior e persistência não é sinônimo de continuidade histórica, mas a “rearticulação intencional de certas práticas e identidades relacionadas à luz de novos aspectos econômicos, políticos e sociais realidades”.

Esta definição é muito bem vinda à arqueologia quando pensamos que estudos arqueológicos não precisam ser segregados, mas unificados tanto em métodos de análise, quanto interpretação e inferências”, afirma Perez. “Nesse sentido, esse artigo é uma contribuição para os estudos de cerâmica no estado de São Paulo, principalmente pelos autores seguirem um método de compreensão estilístico, tecnológico e morfológico dos objetos analisados para construir um profícuo reforço para os estudos que envolvem cerâmicas arqueológicas para a região”.

Sallum & Noelli acreditam que ainda existe muito a se fazer, a começar pela história das linhagens ancestrais das ceramistas. De acordo com eles o campo etnográfico também é fundamental, para entender a cerâmica e as práticas e discursos das ceramistas para compreender as construções identitárias, muitas vezes marcadas por descontinuidades, ambiguidades e contradições. Já as fontes históricas parecerem conter uma miríade de informações que podem ser articuladas com os registros arqueológicos para mostrar os processos de formação das comunidades rurais, das relações de reciprocidade que as estruturavam, como os “parceiros” estudados por Antônio Cândido.

As mulheres ceramistas e suas comunidades constituem importantes patrimônios culturais que precisam ser apoiados para serem mantidos”, afirmam.

O artigo de Sallum & Noelli, na revista internacional, foi publicado em Janeiro de 2020 e pode ser acessado clicando nos links abaixo:

Sallum & Noelli. 2020. An Archaeology of Colonialism and the Persistence of Women Potters’ Practices in Brazil: From Tupiniquim to Paulistaware

Link alternativo: SCI-HUB: Sallum & Noelli. 2020. An Archaeology of Colonialism and the Persistence of Women Potters’ Practices in Brazil: From Tupiniquim to Paulistaware

O artigo na revista Mana foi publicado em data próxima e pode ser acessado clicando no link abaixo:

Noelli & Sallum. 2019. A cerâmica paulista: cinco séculos de persistência de práticas tupiniquim em São Paulo e Paraná, Brasil