Por: Marcos Davi Duarte da Cunha
A Arqueologia Clássica é o campo que abrange inicialmente os estudos das civilizações gregas e romanas em seu período na antiguidade (em termos de cronologia, ela alcança do 3º ao 2º milênio a.C. aos séculos IV e V, aproximadamente). Entretanto seu campo geográfico irá se expandir na segunda metade do século XIX atingindo as regiões da Grécia Central, Ásia Menor e Sudoeste, Itália e partes da Europa.
Seu material de pesquisa agrega estudos sobre aos assentamentos humanos e suas concepções arquitetônicas, como também seus aspectos espaciais de vivência (necrópoles, ágoras, santuários, residências, fortificações etc.). No campo material também ingressam as estátuas e artefatos de uso pessoal como ferramentas, armarias e utensílios diversos.
Posteriormente, com as inúmeras expedições e escavações se expandindo em busca de peças para as coleções, não só pela Europa greco-romana mas, por outros lugares como Creta no Egeu; Troia no costado turco-egeu e regiões do Levante (Síria, Palestina etc.), outros campos importantes iriam surgir na Arqueologia Clássica.
Escavadores como Heinrich Schliemann, responsável pelos achados de Troia e Micenas e sir Arthur Evans com suas escavações no palácio minoico de Cnossos em Creta fulguram, entre outros, como personalidades importantes da Arqueologia Clássica da virada dos séculos XIX, XX.
Embora buscas por artefatos da antiguidade dessas civilizações tenham havido desde o medievo, efetivamente o cerne da Arqueologia Clássica nascerá no período onde surgem os pensamentos humanistas e no contexto do Renascimento cuja a busca pelo antigo nessas regiões, instado por um apelo a um imaginário de origem clássico, teve um forte interesse despertado. As coleções de peças antigas de armarias, numismáticas, estátuas e lápides oriundas das escavações permearam os estudos de grandes eruditos em busca de um passado antigo. Vários estudiosos miraram suas curiosidades em peças resgatadas do tempo pela Arqueologia. Personagens como Francesco Petrarca (1304-1374), Michelangelo Buonarotti (1475-1564), Leonardo da Vinci (1452-1519), estudaram arquiteturas, esculturas, epigrafias e numismáticas de vestígios arqueológicos para suas inspirações em seus trabalhos.
Entretanto, o estudo da Arqueologia Clássica soma grande importância para que entendamos as influências de antigas culturas nas concepções e estruturas de sociedade, poder, política e religião que nos influencia até os dias de hoje.
Bibliografia inicial recomendada:
FLAMARION, Ciro. A Cidade-Estado Antiga. São Paulo: Ed. Ática, 1987.
FUNARI, Pedro. Arqueologia Histórica em uma Perspectiva Mundial. São Paulo: Revista de História Regional, 2007. p. 35-41.
HAMILAKIS, Yannis. The nation and its ruins: antiquity, archaeology, and national imagination in Greece. “Classical Presences”. Oxford: Oxford University, 2007.
KOHL, Philip L. Nationalism and Archaeology: on the Constructions of Nations and the Reconstructions of the Remote Past. Annual Review of Anthropology, 27, p. 223-246, 1998.
MORRIS, Ian. Archaeology as Cultural History: Words and Things in Iron Age Greece. Oxford: Ed. Blackwell, 2000.
Marcos Davi Duarte da Cunha é mestre em História Antiga Política pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e doutorando em Arqueologia pelo Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do Museu Nacional (PPGArq/ MN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com ênfase em Arqueoastronomia nos palácios minoicos em Creta; membro do Laboratório de Egiptologia do Museu Nacional (SESHAT/MN) e integrante do Proyecto NeferHotep (TT-49) com pesquisas sobre alinhamentos astronômicos das arquiteturas funerárias na necrópole tebana em Luxor.