Por: Michelle Caroline Oliveira Santos, Geraldo Pereira de Morais Júnior
Arqueometria é uma ciência interdisciplinar que permite o encontro de uma ampla gama de categorias de disciplinas das ciências humanas, exatas e naturais para o estudo científico de matérias-primas e produtos utilizados no tempo pré-histórico e histórico. Ela envolve uma colaboração interdisciplinar entre arqueologia, história da arte e a preservação do patrimônio cultural com ciências exatas e naturais, como por exemplo, a física, a matemática, a biologia e a química. Essa área de pesquisa, na qual essas disciplinas se sobrepõem, também é conhecida como ciências arqueológicas.
A história da Arqueometria
A arqueometria se desenvolveu em torno de três eixos principais de pesquisa: a arqueologia, a história da arte e a conservação do patrimônio. Essa ciência reúne numerosos saberes e técnicas de diversas disciplinas científicas.
As primeiras análises científicas de cerâmicas, metais e pigmentos começaram no século XIX, já a fundação de laboratórios especializados em museus e universidades teve início no final do mesmo século com o surgimento do Rathgen-Forschungslabor, anteriormente nomeado “Chemisches Laboratorium der Königlichen Museen”, que foi fundado em 1 de abril de 1888 em Berlim, sua principal tarefa era melhorar os métodos empregados para a conservação de objetos do museu, mas também trabalhou na análise de materiais e pesquisou as técnicas de produção de objetos históricos da arte.
Em 1928, o diretor do Fogg Museum, na Universidade de Havard, Edward Forbes, fundou o Departamento de Pesquisa Técnica, primeira instalação desse tipo estabelecida nos Estados Unidos, que mais tarde, foi renomeado para o Straus Center for Conservation and Technical Studies. O Straus Center possui laboratórios distintos, especializados na conservação de obras em papel, pinturas, esculturas e artefatos históricos e arqueológicos.
Em 1955 foi fundado na Universidade de Oxford o Research Laboratory for Archaeology and the History of Arts. Em 1958 foi publicada por esse laboratório a primeira edição da revista Archaeometry, publicação pioneira na divulgação de trabalhos onde a arqueometria era aplicada à arqueologia. A Revsita Archaeometry continua em atividade até hoje, e o número de publicações similares cresceu desde então, assim como o número de instituições e sociedades profissionais e de pesquisa que tratam da arqueometria.
Arqueometria e Arqueologia
Sabemos que a arqueologia possibilita a coleta de informações ligadas à proveniência, à organização e a cultura de uma sociedade, já a arqueometria usa as técnicas desenvolvidas dentro dos laboratórios em busca de informações que permitem a análise da composição, dos usos, e das técnicas e dos processos de fabricação de materiais arqueológicos.
A arqueometria fornece à arqueologia maneiras práticas e sistemáticas de coleta, análise e interpretação de dados relacionados ao registro de materiais orgânicos e inorgânicos das sociedades humanas do passado e do presente. As investigações envolvem técnicas instrumentais e não instrumentais, e a pesquisa de materiais-alvo (por exemplo, propriedades de substâncias e seus constituintes), bem como substâncias e resíduos químicos e biológicos de escala molecular, até artefatos e ecofatos (vestígios do meio ambiente) observáveis macroscopicamente.
As técnicas da Arqueometria na aplicadas à Arqueologia
As aplicações da arqueometria ocorrem em ambientes de campo, laboratório e museu. Incluem uma ampla variedade de tópicos, como datação por radiocarbono, proveniência da cerâmica, produção e uso de ferramentas de rocha, análise de resíduos de alimentos, estudo de remanescentes humanos, ossos de animais, vidro, obras de arte, pinturas rupestres, análise de solo, etc.
Alguns métodos de análise descartam a possibilidade de uso de técnicas invasivas para a análise do material, por exemplo, o uso de técnicas ligadas à imagem que permitem a visualização do interior de um artefato sem que o mesmo sofra interferências. Diversas técnicas de imagem podem ser utilizadas, você pode até já ter sido submetido a alguma delas, como uma radiografia para visualizar um possível problema ósseo ou uma tomografia computadorizada para examinar algum órgão do seu corpo.
Os materiais estudados podem ser vistos através de equipamentos de imagens de alta resolução, à luz ultravioleta, ao infravermelho, à imagem por fluorescência, a calorimetria, etc. Essas técnicas permitem a descoberta de numerosas informações mascaradas ao alcance da simples análise dos olhos, faz visível o que não era.