Por Douglas Main, da LiveScience.
Os instrumentos de pedra conhecidos como pontas bifaciais recuperadas de Blombos Cave, África do Sul. Elas foram feitas durante o Paleolítico Médio, cerca de 75.000 anos atrás, por seres humanos anatomicamente modernos. Barra de escala: 1 cm (0,4 polegadas).
O clima da África do Sul já foi muito mais úmido do que é hoje, e aqueles momentos exuberantes podem ter estimulado as populações humanas através de períodos especialmente inovadores, mostra nova pesquisa. Evidências desses períodos antigos sugerem que os humanos produziram novas ferramentas, e usaram simbolismo em gravuras de parede. Os resultados sugerem uma ligação estreita entre mudanças climáticas abruptas e o surgimento de traços humanos modernos, dizem os pesquisadores.
“Nós fornecemos pela primeira vez uma evidência realmente boa de que a ocorrência e o desaparecimento destes primeiros achados de inovação humana estão ligados à mudança climática“, disse o autor do estudo, Martin Ziegler, um pesquisador de ciências da terra da Universidade de Cardiff, no País de Gales. Antes destes períodos de inovação, os seres humanos eram bastante primitivos, sendo os machados de mão os mais impressionantes da tecnologia , disse Ziegler. Mas durante estes períodos úmidos, as ferramentas mais avançadas de pedras e ossos aparecem no registro fóssil, bem como os símbolos pintados nas paredes das cavernas que sugerem que o desenvolvimento da linguagem.
Os arqueólogos também descobriram alguns dos primeiros indícios de canteiros de plantas construídos durante esses períodos, e conchas que podem ter sido usadas como adornos ou jóias, disse Ziegler. Os mais importantes períodos analisados no estudo datam de 71.000 anos atrás, e um período entre 64.000 e 59.000 anos atrás.
No estudo, a equipe de Ziegler reconstruiu o clima da África do Sul ao longo dos últimos 100.000 anos. Eles montaram o registro através da análise de sedimentos retirados da região costeira próximo do extremo sudeste da África.
Produtos químicos dentro do sedimento sugerem o quanto de precipitação caiu nas proximidades, disse Ziegler, bem como outros indicadores de clima. A reconstrução do clima está de acordo com os registros de outras partes do mundo. Durante estes períodos exuberantes na África do Sul, a maior parte do resto da África subsaariana estava passando por uma seca, enquanto grande parte do Hemisfério Norte estava muito frio, disse Ziegler. O estudo sugere que as condições de frio no norte reorientaram as correntes do Oceano Atlântico, deslocando o cinturão de monções global – com suas chuvas torrenciais – para o sul, disse ele.
O estudo mostra uma associação, mas não uma relação de causa-e-efeito entre as condições mais úmidas e inovação humana. Mas pode ser que durante esses períodos, as secas mais ao norte forçaram os seres humanos antigos na África do Sul a se refugiarem, levando a um “gargalo” de competição, e fertilização cultural cruzada, disse Ziegler.
Trabalhos futuros podem atentar para a relação entre populações humanas em outros lugares, e as mudanças climáticas locais. Mas idéias a partir desses locais na África do Sul são vital, porque acredita-se que eles “refletem o surgimento de comportamentos modernos de inovação, linguagem e identidade cultural”, escreveram os autores do estudo, publicado hoje (21 de maio) na revista Nature Communications.
FONTE: http://news.yahoo.com/ancient-human-innovations-linked-climate-shifts-161921365.html