Por André Strauss
No Brasil, esqueletos humanos do início do Holoceno são raros, impedindo um estudo detalhado das práticas funerárias desse período. O sítio arqueológico Lapa do Santo é uma exceção. Entre 2001 e 2009, foram exumados 26 sepultamentos do Holoceno Inicial, que são aqui descritos e distribuídos em sete padrões distintos. A inumação dos mortos na Lapa do Santo tem início entre 10300-10600 cal AP, com enterros simples e articulados (Padrão 1).

Entre 9400-9600 cal AP, as práticas funerárias caracterizavam-se pela manipulação perimortem e o subsequente enterro dos ossos desarticulados de múltiplos indivíduos (Padrão 2).

Entre 8200-8600 cal AP, esqueletos desarticulados de um único indivíduo, cujos ossos longos comumente apresentam fraturas perimortem, eram depositados em covas circulares (Padrão 3).

Os demais padrões incluem esqueletos cujos membros foram removidos (Padrão 4), enterro de esqueleto completo desarticulado na forma de feixe (Padrão 5), cremação (Padrão 6) e enterro em cova circular, recoberto por blocos de arenito (Padrão 7).

Caracteriza uma diversidade de sepultamentos desconhecida para o Holoceno Inicial, que contrasta com a homogeneidade tecnofuncional e de hábitos alimentares atribuída a esses grupos. Indica também constantes transformações ao longo do tempo, contradizendo a visão de que esses grupos seriam avessos a inovações culturais.
Para ler o artigo completo, acesse: STRAUSS, A. (2016). Os padrões de sepultamento do sítio arqueológico Lapa do Santo (Holoceno Inicial, Brasil). Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 11, n. 1, p. 243-276.
Sugestões de leitura do autor:
- STRAUSS, A. et al (2015). The Oldest Case of Decapitation in the New World (Lapa do Santo, East-Central Brazil). PLOS one.
- STRAUSS, A. (2010). As práticas mortuárias dos caçadores-coletores pré-históricos da região de Lagoa Santa (MG): um estudo de caso do sítio arqueológico “Lapa do Santo”. Dissertação de Mestrado. IB-USP.
- Strauss, A. (2012). Possibilidades e limitações interpretativas da Hipótese Saxe/Goldstein. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 7, n. 2, p. 525-546.