Rodrigo Angeles Flores (Museu de Arqueologia e Etnologia, USP), João Carlos Moreno de Sousa (Museu Nacional, UFRJ), Astolfo Araujo (Museu de Arqueologia e Etnologia da USP) e Gregório Ceccantini (Instituto de Biociências, USP) publicaram recentemente um novo artigo sobre as análises tecnológicas e microbotânicas de um sítio datado em mais de 11.500 anos, na região arqueológica de Lagoa Santa, Minas Gerais. Trata-se da análise de um artefato lítico unifacial plano-convexo (vulgo lesma) encontrado em níveis mais antigos daqueles anteriormente conhecidos pela longa ocupação lagoassantense. O artigo foi publicado no periódico científico internacional Journal of Lithic Studies.
O sítio estudado se chama Lapa Grande de Taquaraçu. Trata-se de um abrigo calcário localizado próximo à área de proteção ambiental do carste de Lagoa Santa. De acordo com os pesquisadores, a peça foi encontrada em uma camada de sedimento e blocos calcários e não está de forma alguma relacionada aos vestígios encontrados em níveis menos profundos. Nos níveis datados a partir de 11.500 anos e nos mais recentes foram encontrados vestígios típicos da já conhecida cultura arqueológica de Lagoa Santa, tais como os inúmeros e pequenos vestígios líticos produzidos sobre cristais de quartzo. Já a lesma foi encontrada em um nível mais profundo e antigo, em um contexto geoarqueológico diferente. Apesar de ser possível afirmar que o artefato é mais antigo que 11.500 anos, não foi possível obter uma data exata para o achado. De toda forma, os autores associam o achado a uma presença ainda mais antiga na região do que a que já era conhecida.
A análise tecnológica demonstrou que o artefato possui similaridades com as lesmas encontradas em sítios associados à cultura arqueológica paleoíndia conhecida como Tradição Itaparica. Sítios arqueológicos associados à Tradição Itaparica geralmente são datados entre 13.000 e 7.000 anos atrás, e localizados desde o Nordeste até o Centro-Oeste Brasileiro.
A análise de microbotânica foi capaz de identificar uma grande variedade de microvestígios ainda presentes nos gumes do instrumento, principalmente de amidos. Infelizmente, não foi possível identificar os vestígios botânicos a nível de espécie.
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