Temos uma vencedora do concurso “1499: O Brasil Antes de Cabral“!
Realizamos duas perguntas e as melhores respostas de um(a) participante levaria uma cópia autografada do livro de Reinaldo José lopes. Confira as respostas vencedoras:
Por que a Arqueologia é uma ciência importante?
R: Arqueologia é uma ciência importante porque permite o conhecimento das sociedades através da sua cultura material, da interpretação de fontes que não estão escritas mas que se encontram presentes nos artefatos, objetos que são encontrados em um determinado local.
Por que eu mereço uma cópia autografada do livro ‘1499’?
R: Espero ganhar esse exemplar para que através dessa leitura possa fazer as novas descobertas que esse trabalho vem nos proporcionar, que a cada página eu possa me surpreender com o papel essencial e extremamente necessário da Arqueologia que permite novas abordagens, novas interpretações e novas versões baseadas nas descobertas dos artefatos.
Parabéns Francicleia Ramos Pacheco, estudante de História na UFPA em Ananindeuá (Pará)!
Já entramos em contato com a Francicleia, e logo logo ela receberá seu exemplar autografado. Esperamos que o livro realmente a inspire nos seus estudos, e que ela compartilhe o seu conhecimento com seus colegas.
Gostaria de uma cópia do livro também? Clique aqui para comprar o livro no site da Livraria da Folha. Abaixo você pode ler a introdução do livro:
O passado não é mais como era antigamente (Introdução do livro “1499”)
Não é todo dia que membros de uma tribo indígena do Xingu (ou de qualquer outra tribo mundo afora, aliás) assinam um artigo na revista americana Science, um dos periódicos científicos mais conhecidos e respeitados do planeta. Pesquisadores de origem europeia são capazes de cortar algumas jugulares pelo privilégio de emplacar algo na velha Science, acredite – e são raros os cientistas brasileiros que podem se gabar dessa façanha.
O feito xinguano data de 2003 (haveria um repeteco no mesmo periódico em 2008), e os membros do povo Kuikuro – Afukaka Kuikuro e Urissapá Tabata Kuikuro, para ser mais exato – não estavam na lista de autores da pesquisa só por uma concessão ao politicamente correto, ou por terem doado sangue para geneticistas interessados em estudar o DNA do grupo, por exemplo. A participação dos indígenas tinha sido crucial para que antropólogos brasileiros e americanos conseguissem revelar ao mundo as obras monumentais dos ancestrais dos Kuikuro (e de outros povos do complexo multicultural do Xingu): uma densa rede de estradas com até dezenas de metros de largura; diques e fossos de fazer inveja a castelos medievais, com vários metros de profundidade; sinais de grandes paliçadas defensivas; restos de aldeias que um dia abrigaram milhares de pessoas ao mesmo tempo, unidas numa espécie de confederação regional que reunia uns 50 mil habitantes – tudo isso num território que, para a maioria dos brasileiros do século XXI, continua a ser sinônimo de natureza quase intocada.
Este livro é minha modesta tentativa de tirar da sua cabeça essa imagem (ao mesmo tempo clássica e profundamente equivocada) do Brasil pré-Cabral como um Paraíso Terrestre tropical, no qual a mão do homem (e a da mulher, lógico) pouco havia mexido. Não é exagero dizer que você é um privilegiado por viver neste ano de 2016, gentil leitor. As últimas décadas foram marcadas por uma explosão de pesquisas – em áreas tão diferentes quanto a arqueologia, a genômica e a botânica – que estão ajudando a retratar uma pré-história brasileira infinitamente mais vibrante e complexa do que o estereótipo de imobilidade perpétua dos nativos que tivemos de engolir na escola. O caso dos Kuikuro e do Xingu é um microcosmo do que dá para enxergar com clareza cada vez maior em todas as regiões do país. Vai ser preciso trabalho duro e paciência para elucidar muitos dos detalhes, mas o novo quadro geral é inegável: boa parte do Brasil pré-cabralino chegou a contar com populações densas (provavelmente mais densas do que as que o país teria até as últimas décadas do século XIX, aliás), sociedades com hierarquias políticas complexas e multiétnicas, monumentos de respeito, redes de comércio que se estendiam por milhares de quilômetros e tradições artísticas espetaculares. Selvagens nus? Talvez seminus, mas dificilmente selvagens no sentido “adâmico” (a referência aqui é ao velho Adão bíblico, claro), de gente eternamente parada no tempo.
Reinaldo José Lopes
Sobre o autor
Dr. Reinaldo José Lopes é jornalista com foco no mundo científico. Ele possui graduação, mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo e é autor de diversos livros, como Os 11 Maiores Mistérios do Universo, Como Deus Nasceu e A árvore das estórias: uma proposta de tradução para tree and leaf, de J.R.R. Tolkien.
Também é autor do blog “Darwin e Deus” e escreve para a Folha de SP aos domingos, a cada 2 semanas.