O garoto de Anzick tem uma datação de cerca de 12.600 anos atrás, sendo um dos raros esqueletos com datação mais antiga na América. Outros esqueletos antigos na América que pode ser lembrados são os esqueletos da mulher de Peñon 3, encontrada no México; e Luzia, encontrada no Brasil. A mulher de Peñon 3 foi datada em até 12.700 anos atrás, e Luzia foi datada em até 13.155 anos, sendo o esqueleto mais antigo da América. O garoto de Anzick é relativamente contemporâneo aos outros dois esqueletos.
Os remanescentes ósseos foram encontrados juntos a diversos artefatos líticos, incluindo pontas de lanças com lascamento bifacial e artefatos ósseos.
Hoje foi publicado na Revista Nature o artigo que revela os resultados do mapeamento genético do garoto de Anzick. De acordo com os autores do artigo, 80% do DNA do esqueleto é comum ao DNA dos atuais nativo americanos (indígenas atuais).
Estes dados são contrários aos dados de análise craniométrica realizados pelo bioantropólogo brasileiro Walter Neves, cujos resultados demonstram que os esqueletos mais antigos da América tem uma biologia “austrolo-melanésia” – ou seja, seriam muito mais semelhantes à população Africana ou Aborígene do mesmo período em questão.
Em outras palavras, enquanto Luzia e seu povo, e quase todos os esqueletos do Holoceno Inicial apresentam uma craniometria “austrolo-melanésia”, por outro estudos genéticos apontam que o garoto de Anzick (contemporâneo de Luzia) e seu povo tem outras origens. Paralelamente a isso, a mulher de Peñon 3 também apresenta um crânio distinto distinto dos indígenas atuais, mas também é distinto de Luzia. Nesse sentido, estes três esqueletos pertenceriam a três populações biologicamente distintas.
Ou seja, apenas a população com a mesma biologia de Anzick deixou descendentes atuais, enquanto as outras duas populações biologicamente distintas teriam desaparecido do continente.
Para saber mais sobre o assunto:
- Artigo completo publicado na revista nature
- Matéria da Live Science sobre o genoma de Anzick
- Matéria sobre a mulher de Peñon 3
- Matéria da PHYS sobre o genoma de Anzick
- Matéria no Science Daily sobre o genoma de Anzick
- Matéria da Revista Piauí sobre a antiguidade do homem na América
- Casal que ajudou a revelar um pouco da história Clovis
- Pontas Clovis podem ter sido usadas, na verdade, como canivetes
Uma projecao hemisferica do desaparecimento de dois de um grupo de tres?
Usando como base somente tres remanescentes osseos?
E uma afirmacao um tanto quanto precipitada!
Marcio, no caso do grupo de Luzia, dezenas de crânios foram analisados para que se chegasse a conclusão da existência desse grupo, que até o momento se mostrou como a grande maioria durante esse período.
Não entendi porque são contrários.
(ps: não li ainda o artigo original da Nature)
Veja bem: o Walter disse que houve pelo menos dois grandes grupos que adentraram nosso continente. Um “mongolóide”, que seriam os Clovis, e por extensão, o Anzick.
Outro grupo seriam os “negróides”, como a Luzia. Que de fato deixaram muito poucos descendentes.
Em nenhum momento pode-se considerar que o Anzick e Luzia são do mesmo povo, só por ter idades “próximas”, de… mil anos! sem contar que a dataçã de Luzia pode abrir margens para dúvida.
Pode ser que o Walter tenha errado em datas mas não em grupos.
No mais, deveriam fazer a análise craniania do Anzick, e aí sim, ver se é a mesma de Luzia ou do grupo mongolóide – ou ainda um terceiro grupo.
Se o crânio dele ficar no grupo negróide, e o DNA, mongolóide, aí sim é contraditório. E não se basear em datas.!!!
Ninguém falou em nada ser contraditório… Mas apenas que as evidências apontam que nessa mesma faixa cronológica existe mais de um mesmo grupo biológico no continente americano.