A paleobotânica é o campo da paleontologia dedicada à investigação dos organismos vegetais preservados em rochas sedimentares. Além de desvendar a história evolutiva dos grupos de plantas, estudos paleobotânicos permitem reconstruir como eram os ecossistemas do passado, isto é, como eram as paisagens, quais grupos eram mais e menos abundantes e até mesmo, nos ajudam a desvendar a ocorrência de incêndios no registro paleontológico.
Estudos paleobotânicos são bastante amplos, os materiais analisados vão desde micro-estruturas como grãos de pólen, esporos, sementes e até mesmo estruturas maiores como restos de troncos fossilizados.
Muitas vezes, a relevância dos estudos paleobotânicos passa despercebida, no entanto, esses estudos são fundamentais para obtermos informações sobre mudanças climáticas globais e adaptações das plantas em ambientes específicos. Outro interesse da paleobotânica é na natureza das comunidades de plantas fósseis e espécies de animais as quais elas podem te vivido, sendo crucial para especular relações entre polinizador-planta e até os tipos de vegetais que os animais ingeriam, possibilitando a recuperação de informações sobre a cadeia trófica de determinadas regiões.
Atrelando informações sobre os vegetais, os animais e a geologia, as paleontólogas e paleontólogos conseguem especular e até recriar em detalhes, paisagens pretéritas.
A floresta do passado que se transformou em cidade turística
Imagine uma cidade em que as ruas, calçadas e até praças são ornamentadas com restos de vegetais fósseis e que no passado, nestas florestas, pisaram as primeiras formas de Dinossauros atrás de presas que por sua vez, poderiam se alimentar da vegetação ali presente. Os vegetais fósseis da cidade de Mata, no Rio Grande do Sul são verdadeiros testemunhas das mais variadas interações dos organismos que ocorreram no passado.
Mas porque a cidade é ornamentada com troncos fósseis?
Não é de hoje que o interior do Estado do Rio Grande do Sul exibe a fama do patrimônio fossilífero e desperta atenção dos pesquisadores de todo o mundo. Já em meados de 1900, muitos naturalistas visitavam o interior do Estado em busca dos fósseis, retiravam esses materiais do seu local de origem, levando para museus fora do Brasil.
Na década de 60, alguns grupos isolados e moradores da região, iniciaram as primeiras coleções. Entre esses, o padre Daniel Cargnin que foi enviado à cidade de Mata por obrigações do clero, constatou a riqueza de fósseis vegetais e visando preservá-los, depositou-os junto à cidade, transformando em uma verdadeira “cidade de pedra”. Cargnin depositou os vegetais nas praças com o objetivo de conscientizar a população e estimular a preservação dos fósseis. Por meio dos veículos de comunicação locais e estaduais, se iniciava a política de conscientização e preservação do patrimônio paleontológico da região, na época a ideia de ornamentar a cidade com os fósseis foi bem recebida e até os moradores foram incentivados a decorar suas residências com os fósseis, o que deve ter ocasionado a destruição de muitos sítios paleontológicos.
Hoje, a cidade conta com diversos pontos turísticos e está na rota de geoparques e conta também com outros jardins paleobotânicos, o que desperta a atenção dos visitantes ajudando a movimentar a economia local.
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