Paleontologia: O que é isso?

Por Joseane Salau Ferraz

A paleontologia é a área do conhecimento que busca estudar os registros dos organismos pretéritos preservados nas rochas. O termo paleontologia provém da união de palaios– que significa antigo, ontos– que significa coisas existentes e logos– que significa estudo, ou seja, é o estudo das coisas antigas. Não é de hoje que os fósseis vêm encantando e despertando curiosidade na humanidade, para saber sobre o nascimento da Paleontologia clique aqui.

Comumente os fósseis são preservados em rochas sedimentares, que são rochas formadas por processos que consolidam sedimentos, como por exemplo, argila ou areia. Esses sedimentos são oriundos da dissolução de outras rochas que podem ser rochas ígneas, metamórficas ou até mesmo sedimentares.

Tipos de rochas

É importante ressaltar que, não é apenas nas rochas que os fósseis são encontrados. Os restos dos organismos também podem se preservar em âmbar, mumificação ou congelamento. 

O âmbar que é uma resina proveniente de árvores como gimnospermas e angiospermas (quem não se lembra do mosquito preservado em âmbar no filme Jurassic Park?). Outro tipo de preservação é o congelamento ou mumificação (como alguns autores preferem chamar). Neste tipo, quando um organismo fica exposto a temperaturas extremas, a decomposição de partes moles, como pele, músculos e pelos, não ocorre. E esses organismos podem ser preservados em um estado excepcional. Dois exemplos bem famosos com esse tipo de preservação é a Sibéria e o Alasca, nestes lugares já foram encontrados mamutes lanosos, rinocerontes, lobos, entre outros, os quais permaneceram congelados desde a última glaciação do Pleistoceno, datando até 45.000 anos. 

Jurassic Park (1993)
Filhote de mamute encontrado na Sibéria note a preservação dos tecidos moles.

São apenas os restos dos corpos dos organismos que se preservam?

Para elucidar os tipos de fósseis, as (os) paleontólogas (os) costumam os diferenciar em dois grupos, são eles: os somatofósseis, que são as partes, os restos do corpo dos organismos que podem ser, por exemplo, ossos, garras, carapaças, caule de vegetais, dentre outros. 

O outro grupo é chamado de icnofósseis, que são os vestígios ou rastos dos organismos. De modo geral, podemos dizer que eles são resultantes da atividade os organismos em um substrato. Pegadas, trilhas, construções de ninhos, tocas, vômito, fezes e urina, são alguns dos exemplos de icnofósseis. Embora os icnofósseis pareçam pouco atrativos quando comparados aos somatofósseis, eles são peças fundamentais para entendermos o comportamento dos animais do passado, o que muitas vezes não seria possível estudando somente os restos corporais. Para saber mais sobre os icnofósseis clique aqui

Além disso, a paleontologia conta com diversas subáreas e cada uma delas é especializada em tentar fornecer mais pecinhas para montarmos o quebra-cabeça da vida, para descobrir que subáreas são essas clique aqui.

Mas como os restos e os vestígios dos organismos viram fósseis?

Costumamos dizer que para um organismo virar um fóssil, é preciso que ele esteja no lugar certo na hora certa. O processo de fossilização depende de uma série de condições, desta forma, as possibilidades de que ocorram falhas durante o processo de fossilização são infinitas. 

Para elucidar esta questão, costumamos a expor a seguinte estimativa: De todas as espécies animais que já viveram menos delas 1% se tornaram fósseis. Quando demonstramos todo nosso fascínio por esses materiais, não é nenhum pouco exagero dizer que eles são verdadeiros milagres da natureza.

Bem… Voltando ao processo de fossilização. O que precisa ocorrer para termos um fóssil? 

“Aqui está um guia passo-a-passo para se tornar um fóssil/ passo um: Morra.”

Com esse famoso e bem-humorado meme, a morte é de fato, o fator determinante para que se iniciem os processos que fossilizam o corpo do organismo. Normalmente, depois que o organismo morre se inicia a decomposição do seu corpo, essa decomposição é feita por bactérias, larvas de insetos e outros. Mas para que, os restos do organismo se preservem esse evento não pode acontecer ou ao menos, a decomposição não pode ser total. 

Então, como evitar a decomposição de um organismo? É nesta etapa que entra os sedimentos, que mencionamos antes. Necessariamente os restos precisam ser envolvidos por camadas e camadas de sedimentos, o soterramento dessas estruturas é fundamental. Uma vez que, os restos dos organismos foram soterrados, se inicia uma série de processos que consistem na substituição da matéria original que compõe os ossos, essa substituição é feita por minerais presentes no sedimento e é um processo extremamente lento, que ultrapassa a escala de tempo de vida humana. Após a substituição da matéria original, ou seja, das estruturas orgânicas teremos a forma do material preservada e composta por minerais. É importante reforçar que este é apenas um dos tipos de processos de fossilização que podem ocorrer. 

 Alguns autores sugerem que para um material ser considerado um fóssil, ele deve datar pelo menos 11.000 mil anos, visto que durante esse tempo, o processo de fossilização deva ter ocorrido.

Então se eu cavar o quintal da minha casa, eu encontro um fóssil?

Infelizmente não, como mencionamos anteriormente os fósseis geralmente são encontrados em rochas sedimentares e não é todo local que tem esse tipo de rocha. Além disso, os lugares que mais tem chances de ter um fóssil são aqueles em que está expondo naturalmente essas rochas, isso porque no passado, essas rochas estavam em uma grande profundidade, antes de voltar a se expor na superfície novamente. Geralmente esses lugares estão localizados perto de corpos d’ água, ou em ambientes que no passado já foram corpos d’ água. Isso porque, a água é fundamental para envolver os restos dos organismos e os soterrar, evitando que esses retos sejam atacados por organismos necrófagos. 

Para que serve a Paleontologia?

Agora que já vimos, quão complexa que a paleontologia pode ser você deve estar se perguntando para quê e por que estudar essa ciência. 

Através da paleontologia, podemos resgatar informações sobre um passado esquecido e compreender a nossa história evolutiva. Podemos entender como eram os organismos do passado e o que levou o desaparecimento deles da Terra.

Infelizmente a Paleontologia ainda não é tão presente nas grades curriculares de Ciências e Biologia para o ensino fundamental e médio, mas é só essa ciência que fornece as peças para entendermos a diversidade de formas de vida. Quando bem explorada, o entendimento sobre essa diversidade de organismos se torna mais fácil. 

Outro ponto que merece destaque são os museus, os museus são os guardiões da nossa história. São essas instituições que não deixam o passado ficar esquecido, quem não gostaria de ver um fóssil que foi encontrado na região em que você mora? 

A lei prevê que os fósseis são patrimônio do nosso Brasil, ou seja, ele não tem valor monetário e sim, valor histórico para todos nós. Por isso, a comercialização de fósseis é proibida e é um crime! Os fósseis devem estar depositados em locais em que todos possam ter acesso seja para estudar ou apenas para admirar a sua existência e os locais mais indicados para isso são os museus e os centros de pesquisa. 

Infelizmente essas instituições vêm sofrendo constantes ataques e por falta de investimento eles vêm sofrendo incidentes como incêndios e, com isso, a nossa história e o trabalho dos pesquisadores estão virando cinzas, encerro este trecho fazendo o singelo apelo, visite um museu sempre que possível! Ajude-nos a manter a nossa história intacta. Para saber mais sobre os incêndios nos museus clique aqui.

Para saber mais

Como se tornar um fóssil após a morte 

Subáreas da Paleontologia

Breve história sobre o nascimento da Paleontologia

Incêndios nos museus

Recomendações de e-books

Paleontologia na Sala de Aula. Marina Bento Soares (org) 

Evolução Biológica da pesquisa ao ensino- Leonardo Augusto Luvison Araújo (org.)